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Carlos Ribeiro

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Dossiê revela injustiças contra povos indígenas na América Latina

Justiça criminal falha com povos indígenas, revela dossiê explosivo do Observatório da Apib
Dossiê revela injustiças contra povos indígenas na América Latina
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A Justiça criminal na América Latina é o tema central de um novo dossiê explosivo lançado pelo Observatório de Justiça Criminal e Povos Indígenas, iniciativa da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). O documento, intitulado "Povos Indígenas e Sistema de Justiça Criminal da América Latina", traz uma série de artigos que abordam a preocupante criminalização dos povos indígenas na região. Organizado pelos pesquisadores Ana Carolina Alfinito, Caíque Ribeiro Galícia e Luiz Eloy Terena, o dossiê foi publicado pela revista Direito e Praxis da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Com o objetivo de trazer à tona a invisibilidade enfrentada pelos povos indígenas no sistema judiciário, o dossiê revela mecanismos legais que deveriam garantir tratamento especial a essas comunidades, mas que são negados devido ao racismo estrutural presente no sistema judicial. Decisões judiciais fundamentadas em preconceitos, como a alegação de que alguém não é mais indígena por falar português ou utilizar celular, são apenas alguns exemplos das injustiças cometidas.

Maurício Terena, coordenador do departamento jurídico da Apib e integrante do observatório, destaca a importância do dossiê: "Nosso objetivo é abordar essas situações pouco discutidas no direito e no debate público brasileiro. Além disso, buscamos organizar estratégias para aproximar os povos indígenas de seus direitos constitucionais e diferenciados, promovendo uma maior incidência junto ao poder judiciário".

O dossiê conta com oito artigos que tratam de diferentes aspectos da criminalização dos povos indígenas, incluindo o controle social e a resolução de conflitos em um território Kaingang, o direito ao intérprete de línguas indígenas e uma análise dos processos criminais na Serra da Lua e Raposa Serra do Sul. Para acessar o dossiê completo, clique aqui.

O lançamento desse dossiê ocorre simultaneamente ao relatório "Na linha de frente: violência contra defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil", divulgado pela Terra de Direitos e Justiça Global. De acordo com o relatório, entre 2019 e 2022, 50 lideranças indígenas foram assassinadas no Brasil, representando um terço dos defensores de direitos humanos assassinados no país. O estado do Maranhão lidera o trágico ranking, com 10 casos, seguido por Mato Grosso do Sul, Amazonas e Roraima, cada um com 7 casos.

É importante ressaltar que essa não é a primeira vez que o observatório aborda a criminalização indígena. Em março de 2022, o grupo publicou o documento "Interfaces da Criminalização Indígena", que denunciou cinco proposições legislativas relacionadas ao terrorismo que estimulam a criminalização do movimento indígena no Brasil. Entre elas, destaca-se o PL de ações contra terroristas (1595/2019) e o PL 732/2022, proposto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que ampliam a interpretação do que é considerado terrorismo e não estão em conformidade com o direito internacional dos direitos humanos. Para acessar o dossiê "Interfaces da Criminalização Indígena", clique [aqui](link para o dossiê).

O Observatório de Justiça Criminal e Povos Indígenas foi criado em 2020 pela Apib como um espaço colaborativo de discussões e produção de conhecimento entre pesquisadores, advogados e lideranças indígenas. Seu objetivo principal é lutar pela garantia dos direitos dos povos indígenas do Brasil.

A Apib, por sua vez, foi fundada em 2004 e é uma instância de referência nacional do movimento indígena. Composta por sete organizações regionais indígenas, sua missão é fortalecer a união dos povos e articular mobilizações contra ameaças e agressões aos direitos indígenas.

Os povos indígenas enfrentam desafios diários no sistema de justiça criminal, e é fundamental que essas questões sejam amplamente discutidas e combatidas para promover uma sociedade mais justa e igualitária.

Fonte(s): Texto de Wesley Neves com informações de APIB Comunicação

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